terça-feira, 2 de agosto de 2011

Convidado de honra: O outro lado da moeda (Vhcs)

(O título e o texto foram "inspirados" na postagem do nosso segundo convidado, o Syncro.)

Olás, eu sou o Vhcs, 17 anos, gay – e, sim, sou eu mesmo, não fique pasmo caso me conheça e tenha só agora tenha “notado” minha sexualidade. Aproveitando o gancho do Syncro, sobre família, mostrarei um outro lado da coisa...
Bem, eu também nunca tive problema em me aceitar, desde a 2ª Série já sabia que tinha olhos pros dois sexos, apenas passou o tempo e eu comecei a reparar do que eu gostava mais e com qual eu tinha, caham, “incompatibilidade anatômica”, coloquemos assim. Assim sendo, cresci me escondendo, não necessariamente no sentido negativo da palavra, mesmo porque, por parte da minha mãe, sempre ouvi coisas do gênero “Se você for gay, continuará sendo meu filho.”, além de perguntas subliminares – ou, por vezes, diretas – sobre minha sexualidade, mas nunca havia dito claramente o que eu sou.
Contudo, houve um tempo que acabou por ser necessário falar a “verdade” (me assumi como bi para tentar fazer o impacto ser menor – e talvez isso tenha sido errado/ruim –, o que não é tão irreal assim, eu até posso gostar de uma mulher, mas nunca vou procurar uma, por minha conta; todavia, deixei claro qual é minha preferência), contra a minha vontade, uma vez que minha família se encontrava numa situação difícil (meu pai estava há dois anos desempregado), devido a um deslize meu. Em tese, não seria tão ruim, mas incomodaria, já que, por mais que eu sempre ouvisse a história do “tudo bem se você for”, uma mãe nunca quer isso de fato, né? Contei. Contei e me arrependi. Contei e me arrependi muito. A mãe compreensiva, amigável, querida, efusiva, que queria meu bem d-e-s-a-p-a-r-e-c-e-u, simplesmente. Brigamos; brigamos muito. E, graças ao veneno dela, agora me sinto mal toda vez que chego perto do meu pai; ela conseguiu plantar em mim uma sementinha de culpa, como se eu estivesse fazendo isso para machucá-los, apenas. Como se não basta-se, eu ainda tive que ouvir “Eu NÃO QUERO saber da sua vida. Sobre quem você gosta e essas coisas. A não ser que isso esteja se incomodando.”. Nesse momento, a imagem de mãe, amiga ideal, que eu tinha dela, morreu. E só uma coisa passou pela minha mente: “Isso nunca me incomodou e nunca me incomodará. Se você não aceita o filho que tem, o que posso fazer?”.
No “Entre-Guerras”, eu notei que ela sempre foi homofóbica, mas demonstrava de uma forma amena, num contexto que parecia até ser bom, ser gay. Uma das frases que sempre ouvi é “Entre um filho alcoólatra, drogado e gay; prefiro ter um filho gay.”. À primeira vista, aparenta ser uma frase normal, mas se reparar o nível no qual é posto ser gay, fica clara a aversão.
E, pra completar a minha alegria, esses dias, notei o grau de homofobia do meu pai, o qual questionou a “apologia ao homossexualismo atualmente existente na mídia, que passa novelas com gays, seriados gays, tudo com gays.”. Respondi que teve parada gay esses dias e por isso tava tão na mídia. Ele começou a revidar com mais perguntas e falando que é exagero, eu disse que eles estão conseguindo espaço etc. e completei com “E, ah, pai, não é doença, né?”. Qual foi a resposta? A seguinte: “Não é doença!? É epidemia.”. Por sorte chegamos na casa dos amigos nossos, para onde estávamos indo; não sei o que eu poderia ter dito se isso não tivesse acontecido.
Isso tudo começou a me corroer, muito. Eu realmente esperava uma rejeição de qualquer um menos dos meus pais, ou, ainda, uma rejeição menor... Nunca dei motivos para ser criticado ferrenhamente, minha obrigação como filho e como aluno, eu cumpro; nunca dei trabalho a eles, de fato, e sou e sempre fui o melhor aluno da classe. Isso não vale nada mais, agora? Só porque sou gay tudo que eu fizer não passa da minha obrigação? Ou, talvez, tudo que eu faço agora é pra me redimir dos meus pecados?
De qualquer forma, tenho meus amigos – uma coisa que acho fantástica é o fato de nunca ter sido alvo de críticas sobre este assunto a não ser pelos meus pais –, que sempre estiveram ao meu lado quando precisei – e, diga-se de passagem, o Syncro foi uma peça-chave pra mim.
Por pior que possa parecer a situação, eu estou bem comigo mesmo e sei que um dia poderei esfregar na cara de todos meu sucesso e dizer que consegui tudo sozinho, já que é assim que me deixaram e estou. Independente disso, sou filho único – que, aliás, é mais um motivo pra tudo cair em cima de mim dobrado – e, devido a isso, sou acostumado a estar só. Já diria o ditado: melhor só do que mal acompanhado...
Por fim, digo outra frase famosa, pra quem passa ou sabe que passará por uma fase similar: Depois da tempestade, vem a bonança.

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Terceiro convidado! (Para ver os outros dois, clique aqui.) O que estão achando das histórias? (:
Conheci o Vhcs em 2009, na mesma viagem que citei abaixo do post do Syncro, mas quase não nos falamos naquele ano. Começamos a nos falar em outra viagem do curso, em 2010. E só começamos a ser mais íntimos este ano. Eu ficava implicando (de brincadeira) com ele no facebook, dizendo que ele era gay e tal (sem ser sem-noção/mal-educada, lógico!). Até que um dia ele me contou que era gay mesmo. hahaha! Eu contei indiretamente que era lésbica. Pensei que ele tivesse entendido pela resposta que ele deu, mas... Só depois que ele percebeu que eu era realmente lés. LOL! Foi bem engraçado. =P
Semana passada, fiz essa viagem anual do curso. Lá, encontrei o Vhcs novamente (ele não mora no mesmo estado que eu e o Syncro, infelizmente). Ficamos bem mais próximos. Como o E. disse no post dele, a amizade entre um gay e uma lés é pura. Não há riscos de uma das partes se "confundir". Não que riscos sejam ruins, mas podem acabar com uma amizade bonita por algo pequeno e sem importância. E também fiquei mais próxima do Syncro e do R. (que também é do meu curso. Fiquei sabendo "dele" por causa dos babados do aniversário dele, que não fui. hahaha! E ele ficou sabendo de mim por um grupo gay que participo no Facebook. rs Ele disse que foi "confirmar" com o Syncro sobre mim e que o mesmo passou o link deste blog. Falei que ele poderia escreve aqui, se ele quisesse. Veremos se ele vai topar, né? (= ). A amizade deles está me fazendo muito bem. (=

Aliás, esta viagem foi beeem "colorida"! Tanto quanto uma parada gay. rs Meu gaydar ficou louco! rs. Pena que só funciona para garotos... Teve até uma situação bem engraçada, no nosso primeiro jantar. Sentamos eu, R., Syncro e Vhcs na mesa. Quando já estávamos devidamente acomodados, nos entreolhamos e notamos que a mesa só tinha gente colorida. Caimos na gargalhada! "Tem alguma coisa muito errada nesta mesa!". Depois, uma amiga nossa sentou conosco e ficamos brincando, dizendo que ela tinha salvado a mesa. Obviamente, ela não entendeu a piada, mas morremos de rir. rs
Uma das coisas que mais gosto entre uma amizade gay x lés é o contato físico. Você não precisa de motivos para ter/não ter, não fica com aquela dúvida na cabeça se a pessoa está a fim de você ou não... Nada dessas psicoses. Você abraça porque você quer, simples assim. x3

Sobre a história do Vhcs... Muito triste a atitude da mãe em se mostrar preconceituosa DEPOIS que ele se assumiu. Mas acho que é só uma questão de tempo para que ela se acostume com a ideia... O Vhcs é forte e consegue segurar muito bem "a barra". Eu, particularmente, não aguentaria.
E, infelizmente, muitas pessoas ainda pensam como o pai dele. Pensam que ser gay é "epidemia", que é influência da mídia...

Espero que tenham gostado do post!
Aliás, alguma sugestão/crítica? Podem dizer à vontade, viu? Quero que este blog fique cada vez melhor!

Rainbow kisses!

2 comentários:

Unknown disse...

Como eu disse anteriormente, estamos iniciando uma revolução naquele curso, que nos aguardem!!! Rs

A viagem foi ótima, pena que dure tão pouco.

Ana Luiza disse...

Syncro: Fico imaginando como será a próxima viagem... HAUHUHAUAHUA #ParadaGayFeelings