segunda-feira, 25 de julho de 2011

Convidado de honra: A not so usual tale (Syncro)

Oi, eu sou o SyncroPC, pode chamar de Syncro. Esse é o nick que eu sempre uso, então se você chegou aqui por acaso e me conhece, fica frio que sou eu mesmo.

Acho que a minha história é um pouco diferente, pra ser sincero.
Eu nunca tive muitos problemas em me aceitar, pra começar. Não vou dizer que não tive a minha fase “Eu sou bi”, porque tive. Mas, sinceramente, acho que foi mais porque eu ainda era bem novo (devia ter uns 12 nessa época, eu acho) e ainda não tinha aprendido a diferenciar bem atração sexual, interesse amoroso, paixão, amizade forte e todas essas coisas. Mas no dia em que eu já estava mais seguro disso, me pareceu óbvio e evidente que eu era gay, e não tinha nada demais nisso.
Meu primeiro beijo foi com 14 anos. Em outro garoto. E ele foi meu primeiro namorado, também. Pra ser sincero, acho que nunca beijei de verdade uma mulher, sabia o que queria desde cedo, rs. Não sei se foi coisa da minha criação, mas eu realmente nunca vi nada de errado nisso. Todo mundo gosta de quem quer gostar e pronto, visto a camisa feliz.

Minha história é sobre família. Mas, novamente, nada tão óbvio. Embora meus pais ainda não saibam de mim, eu confio cegamente neles e tenho a mais absoluta certeza de que no dia em que eu decidi contar, vai estar tudo bem... Até porque alguém já fez isso antes.
Pois é, eu tenho dois irmãos mais velhos, bem mais velhos na verdade, cerca de 10 anos mais velhos que eu, ambos. E um deles é gay, assumido aqui em casa.
Meu irmão gay se assumiu em casa quando ele tinha 26 anos, o que foi até tarde para os padrões normais, mas não me causa estranheza nenhuma. Eu acho que tenho muita sorte nesse ponto, meus pais são muito tranqüilos com essas coisas da nossa vida particular e nunca perguntam sobre estarmos namorando ou ficando, não costumam jogar indiretas relacionadas às nossas amizades e tudo o mais. De maneira que nós não sentimos pressão a respeito da nossa sexualidade, mesmo. Então o que o meu irmão fez é exatamente o que eu faço agora, viver a vida em paz sem se preocupar, e deixar acontecer o que tiver que acontecer.
E quando ele se assumiu foi tudo muito tranqüilo, também. Sem estardalhaço, sem cena, tudo muito “profissional”, se é que eu posso usar essa palavra pra isso.
Um dia eu posso discutir o fato deu não ser assumido, mas não é sobre isso que quero falar.

Meu irmão não sabe, oficialmente, de mim. Isso é uma coisa que choca boa parte dos meus amigos, no início. Perdi a conta de quantas vezes ouvi “Meu deus, você é gay, tem um irmão mais velho gay e você NÃO fala com ele sobre isso?”. E talvez eu devesse mesmo falar, na verdade eu gostaria que fosse tão simples e prático assim, que eu pudesse falar, fossemos amiguinhos e pronto.

Eu sou meio distante dos meus irmãos. Não distante DISTANTE, eu gosto muito dos meus irmãos e faria qualquer coisa por eles, e tenho certeza de que fariam o mesmo. O que eu quero dizer é que não temos essa intimidade toda, de contar da vida, conversar, discutir coisas. A princípio, meu relacionamento com meus irmãos é ideal. Eu não brigo com eles, nunca. Nunca briguei com nenhum dos dois e sei que isso nunca vai acontecer. Nossas relações são absolutamente cordiais e bem estruturadas. E talvez seja esse o problema, eu não converso com os meus irmãos... Não no sentido amplo, pelo menos. De ficar conversando sobre as coisas a troco de nada, conversar simplesmente porque é isso que as pessoas fazem. A gente só fala coisas objetivas, quando é do interesse de algum de nós.

Eu não tenho muito essa ilusão de que o meu irmão gay acha que eu sou hétero. Pelo contrário, a essa altura, ele deve ter certeza de que eu sou gay. Simplesmente por que o mundo é pequeno, ainda mais o mundo gay. A gente fica sabendo das coisas pelas mais diversas formas.
Pra ser sincero, eu não sinto como se eu escondesse isso dele. Eu simplesmente não falo sobre isso com ele, o que é bem diferente.

A sensação que eu tenho é que se agora ele decidisse ser meu amiguinho e se aproximar, eu iria me decepcionar muito com ele. Pois não ligar pra isso por quase 20 anos e de repente ligar só porque descobriu que eu sou gay, ao meu ver, é um pouco hipócrita.

Mas, ao mesmo tempo, eu não quero falar com ele porque acho que ele já fez algumas coisas que me decepcionaram. Há uns quatro anos atrás, mais ou menos, estudei com um menino gay que, por coincidência, já era conhecido do meu irmão. Este menino (que veio a se tornar meu amigo) me contou, depois, que meu irmão havia pedido pra ele descobrir se eu era gay ou não, já que ele estudava comigo. No final da história ele não falou nada pro meu irmão, mas isso abalou completamente a confiança que eu tenho nele. Eu digo, se ele me perguntasse, eu com certeza falaria a verdade, mas pedir pra alguém descobrir secretamente? Isso é o fim.

Eu não sei, até acho que seria mais interessante se ele soubesse, sim. Mas a hora ainda não chegou e não me sinto confortável com ele, ainda. Mas isso tem melhorado, até tenho saído mais com ele, e estou ficando bastante amigo de um dos amigos dele, que eu gostaria de contar (mas dessa vez, é oficial e não tem nada escondido). Quem sabe o que o futuro nos reserva?

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Bem, este foi o nosso segundo convidado. (Para quem não leu o post do primeiro, clique aqui.)
Conheço o Syncro desde 2009, quando fizemos uma viagem do nosso curso juntos. Na época, eu ainda namorava e estava bem trancadinha dentro do armário (tanto é que ainda me considerava bissexual). Sempre tive vontade de me assumir para ele, mas, por causa do namoro e de suas restrições (como contei aqui), acabei ficando quieta.
Desde que terminei meu namoro, em 2010, comecei a fazer planos para me assumir para o Syncro e para o pessoal do curso. Mas, ao mesmo tempo, tentava voltar a ser hétero, o que acabou deixando os planos apenas "no papel".
Eis que o Syncro se assumiu para mim semana passada, o que me deixou muito feliz. Ele é o segundo amigo que conheço pessoalmente (e o primeiro que mora aqui na minha cidade) que se assumiu para mim. ^^ Bem, não precisei ser direta para que ele entendesse que também sou gay. rs
Agora que estou confortável com toda a minha situação, realmente pretendo me assumir para o resto do pessoal. Não acho que será algo complicado, pelo contrário. XD

A história do Syncro mostra que nem sempre é difícil se aceitar. Acredito que a maneira que ele foi criado tenha ajudado bastante. Não é toda família que dá liberdade para você ser o que é, sem medo. Tudo isso faz com que qualquer pessoa fique mais tranquila, não é?
Confesso que não sabia que um dos irmãos do Syncro era gay. E também não condeno a atitude infantil que ele teve em tentar descobrir se o Syncro era gay ou não. Acho que cada um tem seu lado imaturo, sabe?
Enfim, fico feliz pela sorte que o Syncro tem. A relação dele com os pais é admirável. (:

Espero que tenham gostado do texto que o nosso convidado escreveu. o/

Rainbow kisses!

5 comentários:

Unknown disse...

Estamos iniciando uma nova era naquele curso, HAHAHAHA.
Que nos aguardem ;)

Anônimo disse...

Boa noite RK.

Que legal trazer pessoas para seu blog e compartilhar as experiencias de vcs.

A historia do SynCro é mais um exemplo do que passamos para nos assumir.
Esperamos que as pessoas venham diretamente para nós perguntar o que somo realmente, mas na realidade se nós não falarmos para eles que consideramos,.. as vezes fica esse eterno silencio.
Acredito que as pessoas devem entender que o GAY é uma pessoa normal e não um bicho de sete cabeça. Anyway, Parabéns mais uma vez pelo blog e pode ter certeza que vc está ajudando muito outras pessoas mostrando esse tipo de post. E Parabéns tb pelo SynCro pela coragem e determinação de estar escrevendo abertamente da vida dele.

Abcs
FaMa

Anônimo disse...

Muito legal o post.
É bom saber que nem sempre o fator "Gay" na família é um problema.
Eu fico feliz por você,espero que corra tudo bem.



Rainbow Kisses do E. :D

disse...

ihhh, eu conheço esse tal de syncro aí uashuashuash
(ovo bobão, cara de mamão)

tbm conheço essa história de cor...
e por pura coincidência essa ultima parte que a autora fala sobre o segundo amigo e o único que mora na cidade dela, tbm ouvi pessoalmente pelo [s]syncro[/s] ovo...


Gostei do blog e achei essa coluna particularmente divertida ^^

Bjos, nice work

Ana Luiza disse...

Syncro: Acho que teremos que mudar o nome do curso, viu... hahaha!

FaMa: Acredito que muitas pessoas não perguntem diretamente por medo de estarem enganadas. Porque, na cabeça delas, seria constrangedor demais estarem enganadas... Obrigada pelo apoio, de verdade! E, se um dia quiser contar sua história por aqui, fique à vontade! :D
Rainbow Kisses! :*

E.: Seria bem mais fácil se todas as famílias dessem essa liberdade para os filhos, não? =S
RK, amore! :*

: (eu ri do "ovo bobão, cara de mamão" hauhahau)

Como assim?! Ele falou de mim?! O:

Que bom que gostou! ^^ Obrigada pelo apoio! Apareça mais vezes por aqui. (:

Rainbow kisses! :**