segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Carta de uma filha a uma mãe

Mãe,

Eu estou com medo, estou dando voltas e não sei com quais palavras começar..
A minha cabeça sempre foi uma bagunça, e eu sempre vivi no meu limite, aprendi a conviver com minhas dores internas a respeito do que eu sou: Eu sou gay, sempre fui.
Não é uma escolha, nós nascemos assim, eu tentei mudar e tirar isso de mim com todas forças, mas eu sou assim.

Por muito tempo eu andei cansada e carregando comigo todo esse segredo. Você não sabe o quanto de coragem tive que acumular todo esse tempo para dizer toda a verdade para você, mãe. 
Dói demais guardar as coisas, ainda mais esse tipo de coisa. Por muito tempo, andei escrevendo e
pintando em velhas folhas tudo o que eu sempre senti, quanto aos meus momentos ruins e
as minhas ideias de fugir para bem longe de casa era apenas uma: covardia de eu não assumir o que eu sempre fui e não encarar a minha realidade.
Eu chorei por muito tempo no meu quarto enquanto escrevia, e a minha intenção nunca foi machucar você com isso.
Eu tenho uma vida boa, tenho amigas e amigos maravilhosos que gostam de mim do jeito que eu sou, eu tenho um irmão incrível que me apoia e tem orgulho do que eu sou. Isso sem falar no meu primo que sempre esteve ao meu lado.

Eu te peço desculpas por tudo isso, a verdade de eu guardar todo esse tempo tem nome e se chama medo, medo da reação, medo de perder o apoio e admiração das pessoas mais importante do mundo pra mim, você e o meu pai. 

Você nunca errou, você simplesmente é você.. é minha mãe. Eu amo você com todas as minhas forças, eu amo mais do que a mim mesma porque você é a pessoa que tem maior significado na minha vida, é só você que atura todos meus momentos de altos e baixos. Você é maravilhosa, e eu tenho uma imensa admiração por você, eu te respeito e sempre valorizei seus conselhos.

Eu preciso de você, Mãe.

- C.
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Esta carta é apenas uma pequena amostra do quanto é difícil para gays e lésbicas lidarem com o fato de se ter que se assumir para a família. Enquanto os heterossexuais simplesmente são o que são, gays, lésbicas, bissexuais e pansexuais precisam expor sua sexualidade para a família, os amigos, os colegas de trabalho... E é assim a vida inteira: várias "saídas do armário".
Para os transgêneros, imagino que seja ainda mais difícil, pois a transexualidade é um tabu ainda maior do que a homossexualidade. Acredito que a ignorância impede que muitas famílias aceitem a readequação de gênero dessas pessoas.
Acredito que a ignorância seja o que mais alimenta o preconceito que atinge toda a comunidade LGBT.
Bem, pelo menos acredito que o mundo já esteja bem melhor que antes. E espero que melhore cada vez mais!

Rainbow Kisses!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O Rainbow Daily voltou... E mudou!

Olá, leitores

Não sei se alguém ainda acessa o blog por conta da falta de postagens novas, mas é bom deixar o cumprimento para caso exista alguém. E para os (futuros) novos leitores.

Bem, como o título mesmo diz, o Rainbow Daily está sendo reativado. E será diferente!
Para explicar as novidades, uma retrospectiva é bem-vinda:
O Rainbow Daily foi criado em 2011, quando eu finalmente me dei conta de que eu era lésbica e que isso não mudaria. Muitas pessoas se sentem bem só pelo falto de assumir o que são para elas mesmas, mas não era o meu caso (e é importante dizer que isso não se limita apenas à sexualidade! Todo mundo tem algo em si que não gosta, tenta mudar, não aceita, etc.). Eu precisava escrever sobre o turbilhão de sentimentos e pensamentos, sobre minhas primeiras experiências com a verdade à tona, além de trabalhar a culpa, a vergonha e o medo que eu sentia por gostar de meninas. Como eu não tinha me assumido para os meus pais, ficava com medo de postar no meu blog pessoal (o All About Nee) sobre o assunto e eles acabassem descobrindo. E foi assim que o blog surgiu: como um espaço para eu me sentir à vontade comigo mesma e me assumir para os amigos, porque eu não tinha coragem de dizer que eu era lésbica para muitos deles. 
Com o tempo, eu liberei o acesso do blog para qualquer pessoa, o que fez com que eu recebesse carinho e apoio de novos amigos e até de um@ leitor@ anônim@.
Infelizmente, a falta de tempo fez com que eu abandonasse o blog. Além disso, como eu estava lidando muito bem com a minha sexualidade, eu já não sentia necessidade de extravasar por aqui. Sem contar que eu comecei a namorar, então muitas das dificuldades vividas passaram a ser divididas com a minha namorada.

Decidi retomar o Rainbow Daily por querer (novamente) um espaço para questões LGBT que vão além de mim. É indiscutível que gays e lésbicas já conquistaram muitos direitos, mas acredito que o respeito ainda é muito limitado na sociedade. Isso sem falar n@s transexuais, que, infelizmente ainda não têm os direitos e a visibilidade que merecem, seja na comunidade LGBT, seja na sociedade.
A minha ideia é que o Rainbow Daily se torne uma revista eletrônica diária para que quem é engajado na causa LGBT seja qual for seu gênero e sua sexualidade participe. E, para que aqueles que ainda estão "no armário" possam mostrar suas questões.
Quero criar e usar um espaço para discussões, debates, desabafos e vivências minhas e/ou de amigos, com música, filmes, novelas, livros, estudos e notícias.
Quero discutir nossas limitações e o que pode ser feito para que tenhamos um futuro melhor.

Convidei algumas pessoas para participarem, mas, caso você não tenha sido convidad@ e queira participar, entre em contatomail.rainbowdaily@gmail.com

Rainbow Kisses!